Mergulhando nas Profundezas

Procuro mergulhar, com a profundidade que conseguir me permitir, em questões a respeito da alma brasileira, aplicando para isso pontos de vista da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.






2002/06/17

 

A Magia das Interjeições



Cerca de seis anos atrás, tive a felicidade de estar presente a uma aula de teatro em que a professora ensinava uma parte importante da teoria da comunicação.


É fato que podemos passar dezenas de impressões utilizando entonações diferentes de uma mesma interjeição, por mais primitiva que seja; sem a entonação ou alguma característica que nos permita imaginar a "melodia" contida na fala, as interjeições, tão significativas quando acompanhantes de imagens, podem assumir sentido tanto mais duvidoso quanto menos expressivas se mostram.


Para exemplificar, também mostro o porquê de estar refletindo a respeito: sou fã de carteirinha daquela tartaruga que aparece nos comerciais da Brahma nesta Copa do Mundo de 2002.


Aquela tartaruguinha só diz "Ih". Mas o "ih" sai de várias formas: como forma de comemoração, como provocação, como ironia, como expressão de cansaço. Os movimentos do corpo são acompanhados pelas flutuações da camiseta (da seleção brasileira) que a tartaruga veste; seu corpo, seus olhos, mesmo suas sobrancelhas (ou o que se equivale!) dão uma impressão extremamente significativa ao "Ih" da tartaruga.


Conseguiram antropomorfizar a tartaruga sem dar a ela a forma humana! Esse feito, conseguido por computador, exigiu por certo uma capacidade de observação profundamente coordenada ao conhecimento da Teoria da Comunicação.


De fato, podemos passar mensagens somente com interjeições, e podem ser mensagens riquíssimas: no "Ih" da tartaruga estão mensagens de esperança, de ardor, de combate, de cansaço, de vitória. Explicitam-se relações entre o brasileiro e o futebol, essa coisa quase religiosa, uma espécie de "caminho do meio" dos brasileiros, um ritual ocidental que pode sem sombra de dúvidas virar objeto de estudo das civilizações que virão nos milênios por vir.


Em Curitiba, 17 de junho de 2002 (dia da vitória do Brasil sobre a Bélgica por 2 a 0).

Daniel Ricardo Augusto Wood

posted by Daniel Wood at 21:45

 

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